Uma das formas de lidar com a passagem do tempo é emular outra vez a simplicidade da infância.
Afinal tudo é simples para uma criança: a sua consciência cinge-se ao imediato.
Tenho notado que envelhecer é um regresso gradual, mas inevitável, a esse estado pueril de existência — sem amanhã, nem ontem.
Os mais jovens também não atribuem demasiado valor ao passado, nem ao futuro, optando na maioria por viver o imediato.
Compreendo a sua escolha: a perceção exclusiva do imediato é o maior dos festins, ainda que a ressaca se torne indigesta, ainda que o passado enquanto repositório de saber pudesse prevenir, prever e explicar muita coisa.