29/06/2020

Pinheirinhos, Malavado, Litoral Alentejano

Aqui em nenhures, ouve-se o rouxinol exigindo a noite, enquanto o vento canta nas mais altas ramadas dos pinheiros. Ao longe,  zurra o burro chamando o seu deus desconhecido. Tudo isto me encanta, tudo isto me é breve e longínquo como um deserto de areia e neve. Soube em tempos que a terra é redonda e gira como uma maçã na mão de quem pensa em trincá-la.

Agora esqueço tudo e caminho desamparado pelos regos que a chuva faz  quando cai sem controlo nas tardes de novembro. Pergunto aos bichos que dia é hoje e só a aranha me revela o segredo da sua esperança: que uma mosca vesga entre pela sua teia, que feche a porta, que apague os restos de luz que a lua nova se esqueceu de levar consigo.


3 comentários:

CÉU disse...

Um texto tão bonito, para além de bem escrito.
A natureza aqui fala, fala-me, quero dizer.
O litoral alentejano é considerado por mim como a 8ª maravilha do mundo. E eu não gosto lá mto de praia, mas gosto destes ares e destes lugares.

CÉU disse...

Luís, não sei se já reparou, mas as horas de publicação no seu blogue não estão certas. O fuso horário não é este, ou talvez para si isso não tenha qualquer importância. Este comentário foi publicado às 14:20 e olhando para cima, para as horas do comentário, são 06:19.

Luís Palma Gomes disse...

Pois é. Ainda bem que avisa. Tenho de alterar isso. Quanto à Costa Vicentina, também a acho única, bela e nunca se esgota.