22/06/2020

A beleza como elemento de perenidade cultural

Há uma tentativa biológica para a preservação de um código genético post mortem. Este artifício é comum à vida animal e vegetal. Porém, a humanidade agrega-se em torno de núcleos de informação constituída por uma linguagem simbólica que tende a tornar-se mais complexa ou a adaptar-se aos diferentes contextos históricos, sociais e geográficos. Também, a cultura aplica mecanismos de sobrevivência, onde o esforço tem como intuito a preservação de uma identidade colectiva ou individual.

A língua,  como mecanismo essencial para a manutenção de uma cultura no tempo, e os seus utentes, através dela, utilizam duas estratégias convenientes para a sua sobrevivência entre gerações e geografias diferentes: razão e beleza. Na primeira, a coesão da mensagem é garantida por uma lógica imanente aos pensamento humano e  também por uma oportunidade epistemológica. A beleza, suportada por convenções temporais, tem de encontrar um plano que lhe assegure a perenidade. Tratando de um conceito humano, ou pelo menos, utilizado nesse contexto, é nos elementos intrínsecos que ela se vale para sobreviver.

Para que o objecto, enquanto emissor cultural, se preserve tem de contornar padrões estéticos perecíveis e resultantes de diversas épocas e ficar fortemente dependente de um elemento mais estável e homogéneo do espírito humano: os sentimentos.

Os sentimentos, como resultado das emoções, tendem também a registar algum dinamismo no tempo e uma variação com origem no receptor. Cabe assim à beleza encontrar o menor divisor comum entre os receptores para manter-se perene e imaculada. 

2 comentários:

CÉU disse...

Um texto interessante, mas sujeito a "discussão" de ideias, para além de ser muito erudito.

Luís Palma Gomes disse...

Sim. Também acho que exagerei na erudição. Sobretudo queria expressar e provar que a beleza é um garante da mensagem. Finalmente, entendi isso e resolvi registar a descoberta desta forma mais académica aqui no blogue.