29/04/2018

Como subir da morte para a vida ?

Orfeu foi regastar Euridice ao mundo dos mortos, reino do deus Hades. Uma das premissas do resgaste era que ela não olhasse para traz durante a fuga e ela olhou. Assim, por lá ficou Euridice eternamente, restando a Orfeu, a sua lira e os seus poemas para estar com a sua amada - em espírito, tão só.


20/04/2018

Poemas de graça - O malmequer e o robot

O cheiro do malmequer
dá-me prazer
Ainda bem que não o posso comer

O malmequer tem a liberdade
das  coisas inúteis

Pai, fazes um robot igual a mim ?

Poemas de graça - A gata

A gata tem graça
e uma fragilidade insubmissa.

Quanto se cansa de descansar,
descansa.

13/04/2018

Gatela - uma janela de gatos

Janela de granito no centro de Salvaterra do Extremo - Foto Luís Palma Gomes


Salvaterra do Extremo, Páscoa de 2018

A passagem da páscoa (Judaico-Cristã) na Beira Baixa deixava-me sempre poemas, fotos, desenhos, contos e prosas para mais tarde recordar. Desta vez não. Por isso, vinha um pouco menos feliz. Não escrevera, não desenhara, não fotografara. Com mil raios e coriscos, estaria a ficar velho? Se calhar os 50 anos secaram-me o espanto pelo mundo ? Outrora, mesmo quando partia, para a aldeia, seco pela urbe, parecia-me renascer a curiosidade e a inspiração quando chegava àquele sortilégio de cheiros, cores, paisagens e sobretudo àquele tempo vagaroso - mais parecido com  o de Deus ou pelo menos mais humano. Ter-se-ia banalizado também aquele espaço e aquele tempo ?

Hoje, deu comigo a olhar para as fotos do telemóvel, quando encontrei esta pequena maravilha que me havia esquecido. Estavam lá muitas coisas que me fazem lembrar a aldeia: o granito, os gatos de pelo queimado, a gamela da comida atada por uma guita, a janela, aquela luz antiga. Que bom poder recordar a Páscoa de 2018. Na Páscoa de Salvaterra do Extremo, onde as tradições judaico-cristãs teimam em subsistir, entende-se melhor o conceito da "ressuscitação" ou do "renascimento". Por isso, aleluia.


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04/04/2018

páscoa prematura








também
não vos quero antecipar
o prazer de ouvir o riso dos pássaros
quando entram nas novas folhagens

essas palavras
poderiam por acaso levar-vos a renascer
fora do tempo
sem que tenhais
ainda dado os necessários passos da paixão