20/06/2014
18/06/2014
13/06/2014
O primeiro dia de verão
"Primavera em Catou" - Auguste Renoir |
A abelha torpe e desmazelada foge do recanto mais quente em direção às primeiras flores secas do verão. Não há regresso para ela e, mesmo que houvesse, já a sua casa teria ardido entre as labaredas inflamadas pela brisa das asas das intimas borboletas.
Nasceu mais uma estação meridional, mas ninguém reparou. Só mesmo a papoila, por que secou, e um gato atento ao lírico esvoaçar das aves, parecem perceber o novo ângulo solar dos raios. Mais tarde, virão marés coloridas e olorosas misturar os fluídos brilhantes da novel estação.
E Deus, que anda de calça arregaçada entre o feno, faz-me uma saudação vulgar e contínua, enquanto deixa atrás de si um trilho de estrelas e planetas, onde as formigas combinam a hora certa da próxima alucinação.
09/06/2014
"GUADIANA 86-14" - FOTOGRAFIA DUARTE BELO
"Quando se percorrem a pé, demoradamente, as margens do Guadiana, fica gravada no nosso ser, indelevelmente, a experiência primordial da integração num mundo que nos transporta a um tempo imemorial..."
Entre 1986 e 2014, Duarte Belo, fotógrafo, percorre as margens do Rio Guadiana, colecionando imagens do que era e do que é o maior rio do sul do país. Esta é uma exposição com fotografias do arquivo do autor, a preto&branco e a cores, numa organização dinâmica que sugere uma viagem pelas margens do Guadiana...
"As fotografias querem fixar uma memória, são documentos sobre um tempo passado, um rio sobre o seu leito. Ao mesmo tempo procura-se a linguagem própria da singularidade dos elementos, ou descodificar a sua essência, o olhar humano que sobre eles pousa. A construção de suportes de exposição, mesmo do desenho do conjunto planificado das imagens, quer definir uma arquitetura de comunicação. Uma escrita que, recusando, por impossível, a replicação de uma realidade concreta, quer construir uma arquitetura nova onde se pode viver a invenção de um tempo paralelo."
DB
Entre 10 de maio e 23 de novembro de 2014
No Museu da Luz - Aldeia da Luz (Mourão)
http://www.museudaluz.org.pt/Pulo do Lobo - Rio Guadiana - Mértola |
06/06/2014
05/06/2014
02/06/2014
Os amadores
a propósito do 33º aniversário do Teatro Passagem de Nível
Ouvem-se as sirenes das fábricas
Ou talvez já sejam os computadores que dizem “Até amanhã”.
Pousam-se as facas e garfos para a janta
O sol põe–se a Oeste e as luzes acordam do outro lado da noite
Despem-se máscaras e vestem-se outras
O teatro é o disfarce permitido da verdade
E o ator revira a pele e mostra o lado interior
Sobe-se ao palco como a um altar
O mundo inteiro é um coro
Abre-se um projetor sobre maria
Tudo em redor se silencia
Anónima maria … és agora sangue de corpos e almas sem fim
Quanta cumplicidade na expressão dos que olham para ti,
E que, por milagre, se esquecem de si
Ris e choras como tivesses dois rostos antigos
És Grécia, Molière, Gil Vicente,
Palhaço triste, viúva alegre, um austríaco (imagina) que samba
Ou esse segredo tão nosso chamado Domingos Galamba
Eu sei lá, maria… Só sei que respiras, que te alucinas,
que segues sempre apesar das ruas estreitas
e das afiadas esquinas
como um sono que segue de olhos acordados
E por magia vives, uma noite, na cabeça do autor
Não sei se o fazes por vontade ou por distração:
A vida é como o amor,
Não se explica, vive-se, vive-se sem temor!
Ouvem-se as sirenes das fábricas de novo a tocar
Ou talvez já sejam os computadores que dizem “olá” outra vez.
Pousam-se as canetas e os olhos no ecrã
O sol nasce a Este e as luzes desligam-se do outro lado da manhã.
Diz-se “com certeza” ou diz-se “talvez”
Ouvem-se os tambores da guerra a rufar
ou será apenas o ruído dos operários a trabalhar ?
Não sei, ou melhor, nada sei.
Só sei que espetáculo vai continuar.
Só sei que espetáculo tem de continuar.
Luís Palma – 30 de maio de 2014
Ouvem-se as sirenes das fábricas
Ou talvez já sejam os computadores que dizem “Até amanhã”.
Pousam-se as facas e garfos para a janta
O sol põe–se a Oeste e as luzes acordam do outro lado da noite
Despem-se máscaras e vestem-se outras
O teatro é o disfarce permitido da verdade
E o ator revira a pele e mostra o lado interior
Sobe-se ao palco como a um altar
O mundo inteiro é um coro
Abre-se um projetor sobre maria
Tudo em redor se silencia
Anónima maria … és agora sangue de corpos e almas sem fim
Quanta cumplicidade na expressão dos que olham para ti,
E que, por milagre, se esquecem de si
Ris e choras como tivesses dois rostos antigos
És Grécia, Molière, Gil Vicente,
Palhaço triste, viúva alegre, um austríaco (imagina) que samba
Ou esse segredo tão nosso chamado Domingos Galamba
Eu sei lá, maria… Só sei que respiras, que te alucinas,
que segues sempre apesar das ruas estreitas
e das afiadas esquinas
como um sono que segue de olhos acordados
E por magia vives, uma noite, na cabeça do autor
Não sei se o fazes por vontade ou por distração:
A vida é como o amor,
Não se explica, vive-se, vive-se sem temor!
Ouvem-se as sirenes das fábricas de novo a tocar
Ou talvez já sejam os computadores que dizem “olá” outra vez.
Pousam-se as canetas e os olhos no ecrã
O sol nasce a Este e as luzes desligam-se do outro lado da manhã.
Diz-se “com certeza” ou diz-se “talvez”
Ouvem-se os tambores da guerra a rufar
ou será apenas o ruído dos operários a trabalhar ?
Não sei, ou melhor, nada sei.
Só sei que espetáculo vai continuar.
Só sei que espetáculo tem de continuar.
Luís Palma – 30 de maio de 2014
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