30/10/2012

Árvore com voz (e com mãos)

Encontrei a foto por acaso no Facebook e decidi logo plantá-la aqui no blogue. É bom para qualquer árvore ter voz, mas se tiver também mãos, ainda melhor. Desta forma, a árvore fala e faz.

Nota: Para além de concordar em absoluto com o lema:" Humanity and Nature are one"

28/10/2012

Novembro



Se há castanhas, tons de castanho, romãs, filmes ao fim da tarde, gaios, faunos, compotas, bosques e chuva e nozes e um cheiro a madeira. Se há tudo de um quase nada, para que servem  verbos,  adjetivos e sobretudo sujeitos. Esses elementos ambiciosos e tão opostos ao estado vegetal dos crepúsculos de novembro. 

19/10/2012

Os gatos

Há um deus único e secreto
em cada gato inconcreto
governando um mundo efémero
onde estamos de passagem

Um deus que nos hospeda
nos seus vastos aposentos
de nervos, ausências, pressentimentos,
e de longe nos observa

Somos intrusos, bárbaros amigáveis,
e compassivo o deus
permite que o sirvamos
e a ilusão de que o tocamos

Manuel António Pina "Como se Desenha Uma Casa" (Assírio & Alvim, 2011)

TODAS AS PALAVRAS (um excerto do poema em memória de Manuel António Pina)


As que procurei em vão,
principalmente as que estiveram muito perto,
como uma respiração,
e não reconheci,
ou desistiram e
partiram para sempre,
deixando no poema uma espécie de mágoa
como uma marca de água impresente;
(...)

Manuel António Pina — 18/11/1943 § 19/10/2012

17/10/2012

BBC Terra





A BBC Terra é uma série documental sobre o planeta terra atualmente emitida pela RTP1 às segundas-feiras (22.53h) e sábados (12.00h). A qualidade das imagens é extraordinária. Ontem, o documentário versava a emigração das aves. Para além da beleza dos locais das filmagens (Indía ( Himalaias e Rajastão ), Austrália (Sidney e o deserto)), o detalhe da captura das imagens das aves em voo, deixou-me “nas nuvens”. Para quem ama a natureza e aprecia a qualidade, não perca esta série documental.



15/10/2012

Vida nova


Manuel Dias e Helena Sousa Freitas - Autora de um livro sobre o DN Jovem
O Dante conheceu a Beatrice e eu conheci o DN Jovem (1). A partir de então, eu e ele, iniciámos uma vida nova. Graças a Deus e ao Manel(2), não era fácil publicar no DN Jovem - como também para o Dante, Beatrice não era uma conquista fácil. A conquista dele porém nunca se consumou. Enquanto o meu amor pela poesia felizmente consumou-se nas páginas de um jornal de dimensão nacional. A minha vida e a de várias gerações de jovens devem ao suplemento do Diário de Notícias, uma experiência irrepetível e fundamental. Aos 44 anos, já sabemos o suficiente da vida para fazermos um balanço e termos a plena consciência do que foi realmente fundamental.


Humildemente, reconheço que o DN Jovem fez mais pela minha escrita e pela minha curiosidade literária que todos os meus estudos. Mais do que isso, foi através do Manel que conheci o “resto da malta”. Alguns deles são atualmente referências da vida cultural, intelectual e literária portuguesa. Que orgulho! Por tudo isto, foi realmente uma “vita nuova”.

No dia em que defendia minha tese de mestrado em Engenharia Informática na Faculdade de Ciências, a arguente lá tentou colocar-me questões difíceis e apontar, como era seu dever, os pontos fracos da minha tese. Defendi-me como pude. No final da sessão, ela disse-me: “Está muito bem escrita.”. E eu pensei logo: ”Graças ao Manel e ao DN Jovem!”.

(1) DN Jovem - Suplemento de artes do Diário de Notícias, onde os jovens até aos 26 anos podiam publicar os seus trabalhos literários ou plásticos (fotografia e desenho)

(2) Manuel Dias - Jornalista responsável pela publicação do DN Jovem.

07/10/2012

domingo















É domingo.
E as estradas estão já feitas.
O único heroísmo permitido
é a assunção clara
da cobardia dos meus atos.

É ao domingo
que morrem e renascem
os dias inúteis.
Ainda assim, sorrio,
enquanto viro a página do livro.