26/06/2011

Ulisses


O mito é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mito brilhante e mudo -
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Este que aqui aportou,
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos criou.

Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade,
E a fecundá-la decorre.
Em baixo, a vida, metade
De nada, morre.

Fernando Pessoa em "Mensagem"

14/06/2011

Salva a Terra 2011


Este fim de semana, houve eco-festival em Salvaterra do Extremo: O "Salva a Terra". 4 dias de folgança, dança e muita natureza. Os músicos e as bandas eram todos muito bons. Realço o blues-folk de Frankie Chavez no Palco Pôr do Sol e "Velha Gaiteira", onde dois percussionistas e um tocador de gaita de foles deram um bom concerto. O meu local favorito era a tenda do Chá Livre. Tinha sempre 3 chás (Quentes e Frios) e pagava-se o que se queria. Bebia-se o chá debaixo de uma tenda magrebina com fofas almofadas e antigas edições da revista "LER". Quando tomava banho no rio Erges, passou um velho peugeot com uma pequena caravana. Era o casal (Hipie) do Chá Livre. Acenei um sentido adeus. Eles, em cima da ponte, corresponderam. Até à próxima, pessoal. Espero que se seja o mais cedo possível. Em 2013, "Salva a Terra" volta à aldeia raiana do concelho de Idanha-à-Nova.

PS. Aproveitei um momento entre as actividades do eco-festival, para desenhar uma janela em granito.

06/06/2011

Os espontâneos


    Imagem do jornal "Record"



Os espontâneos são cada vez mais raros. Talvez porque vivemos uma época de fortes competências e onde o amadorismo raramente é bem visto pelos outros. Não resta, por isso, muito espaço para a espontaneidade. Há contudo excepções, ainda há pouco tempo, uma das crónicas que li, no "Público", do Miguel Esteves Cardoso (MEC) elogiava uma candidatura espontânea que receberam no jornal.


Na cultura tauromáquica, há também este conceito do espontâneo. Alguém que salta de entre os espectadores para arena, tentando a sorte e a oportunidade de lidar um touro. Alguns chegam a toureiros, outros são colhidos com gravidade.

Há muitos anos atrás, um futebolista chamado Espírito Santo, acabava os treinos de futebol e saltava em altura, de forma a bater o recorde nacional da modalidade de Salto-em-altura.


Mais recentemente, fomos brindados com um "adepto – espontâneo" que quebrou a monotonia de um jogo de futebol. Foi bonito de ver, aquele leve assomo de liberdade.

Nota: Leiam as crónicas do MEC no jornal Público - São momentos de extrema lucidez.