24/12/2009
Sol Invictus
14/12/2009
08/12/2009
28/11/2009
Pátio dos Deuses -Parte III
Em 1998 DC, o meu avô brincou neste pátio. Aliás, o único vestígio que ficou depois de terem arrasado os prédios antigos e plantado este bosque. Naquele tempo, as mentes morriam com os corpos e as pessoas trabalhavam 7 horas ou mais por dia. O capitalismo estava, como ainda hoje, no auge. Porém, as pessoas estavam mais interessadas em ter coisas materiais do que tempo, árvores, amigos ou boas conversas. Eram outros tempos.
Felizmente, os deuses daquele velho pátio morreram. Nem os Deuses são eternos. No ocidente, de vez em quando, mandamo-los dar uma “curva ao bilhar grande”, quando já não servem para nada. Sobre a sua memória, fazemos aquilo que em gestão chamamos Inovação Incremental. Isto é, não rompemos completamente com o modelo anterior, apenas acrescentamos uma camada – que neste caso são tão-só novos deuses.
Dizem que tudo começou naquele dia em que o meu avô pediu ao seu pai, para escrever um post no Blog, inserido numa manta de retalhos narrativos que chamavam “Pátio dos Deuses”. Um Blog era uma espécie de diário electrónico que existia numa rede de dados de dimensão mundial, chamada World Wide Web.
O meu bisavô ficou confuso. Porque razão tinha o filho pedido-lhe para escrever aquele post ? Inventou uma pequena história de ficção científica para despachar o assunto entre tantos outros assuntos que tinha na sua agenda.
Mal sabia ele, que todas as profecias daquela short-story se tornariam mais tarde realidades.
19/11/2009
Pátio dos Deuses - Parte II
Os serões tardios do pátio dos deuses tinha a companhia especial do meu amigo Nelson. Um rapaz peculiar na sua essência. A sua voz era fina, e aos nove anos ainda não falava correctamente. Na nossa turma era o elo mais fraco, quem diria que ele seria alguém. É normal. A natureza filtra os melhores. Os fracos caem nas teias do fado e são esmagados no desespero. Bem, mas voltando ao essencial deste fulano. Passávamos horas no pátio, brincávamos, imaginávamos, atirávamos pedras ao comboio, naquela altura nem nos pareciam pedras, talvez o utilize o termo meteoros para qualificar aquilo que realmente atirávamos. Esquecíamos o leito do destino. Éramos livres . O Nelson era o meu melhor amigo, porque era o mais fraco, sempre amei causas perdidas. Ainda hoje procuro causas para lutar . Os anos foram passando rápido, vertiginosamente rápido. Fomos engolidos pelas marcas do tempo .
Hoje já nem sei quem é o Nelson. Aquilo que ele verdadeiramente é. Como é que as chagas do tempo fizeram–me esquecer os fracos ? Agora só me lembro dos vencedores. Em mais um momento introspectivo, questiono o porque do esquecimento.
Eu queria mesmo lembrar-me deste derrotado. Ele era mais que um simples esgazeado para mim.
Ouvi dizer que está em Leiria. Empacotou os argumentos da infância e é recluso de uma melodia melancólica das teclas de uma teclado informático . Esta angustia dá-me agonia interior. É algo com que não me conformo. Eu acho o passado tão confortável e cada vez mais tenho pavor da mudança. Quero abraçar o Nelson. Dizer-lhe que volte, porque o pátio espera-o. E a infância, essa continua sentada no banco do parque à espera que ele venha com a sua fraqueza .
Dedicado ao meu amigo Nelson, um abraço e um desejo sincero para a sua vida futura e para os seus sonhos.
09/11/2009
02/11/2009
Dia de Finados
20/10/2009
O Páteo dos Deuses - Parte I
27/09/2009
16/09/2009
07/09/2009
"Big Fish" de Tim Burton
Azar do poeta que migra com as palavras. Deixa-se levar pelo conceito abstracto da migração das aves, essa anual viagem que nunca viu. Vive da ilusão que cultiva. E ela cresce como uma erva trepadeira que se enreda aos seus pés impedindo-o de se mover.
31/08/2009
Das cem lições de punk para a vida eterna..
Por inícios da década de noventa, uma luz sedenta de vida emergia sobre o nevoeiro habitual de Seattle . Um som que se distinguia de todos os outros. Existia, na época, uma especialidade regional musical , onde só os músicos de Seattle sabiam a forma mágica para electrificarem os nossos ouvidos com riffs fortes, musicas penetrantes e letras, quase curativas, para o espírito. Nirvana , Soundgarden , Alice in Chains , Pearl Jam foram estes quatro nomes que mais se distinguiram, dando o pulo de Seattle para o muro. Mas como em qualquer outra causa, eram necessários mártires. Algo que também não escapou a este movimento . O primeiro e mais médiatico, Kurt cobain(vocalista dos nirvana) - o príncipe do Grunge. Hoje ele transporta como fardo o ícone daquela geração . Em 1994 , no dia 5 de Abril é encontrado sem vida em sua casa, por um electricista . Ao seu lado estava a espingarda que tinha hipotecado um dos maiores valores musicais do nosso século. Mas ao mesmo tempo estava criada a lenda . Os Nirvana tinham brilhado, sobretudo com o álbum Nevermind, o segundo álbum de originais da banda. Todos os álbuns que se seguiram foram igualmente consideradas obra - primas. Sem duvida, enchia-nos os ouvidos . Alice in Chains outra banda deliciosa de se contemplar também sofreu a perda da sua maior figura Layne Stanley (vocalista) .Os Alice in Chains, que tinham um tom mais duro e mais próximo do heavy metal, também tocaram em muitos bons ouvidos, principalmente pela grande posse em palco e pela a voz penetrante do seu vocalista . Onde pára esta geração de ouro ? Porque ainda continuamos pendurados a playlists sem nexo ? … voltem estão perdoados
Pedro M. de Castro
24/08/2009
Belenenses "à FC Barcelona"
Esta movimentação de ataque do jogo que opôs o CF "Os Belenenses" à Naval 1º Maio merece 2 minutos de atenção. Pura arte!
Façam o favor de ser felizes
Naquelas tardes da década de 80, metia uma das cassetes do Raul Solnado no gravador e matava o meu tempo de infância em casa da minha avó. Sabia quase de cor, como agora os jovens sabem os textos do "Gato Fedorento", muitos daqueles sketches humorísticos. Depois veio o Herman e depois os "Gatos". O Solnado foi assim o primeiro cómico da "minha vida".
Extracto da "Guerra":
"- Está lá?!... É da guerra ? Podiam suspender a guerra que o nosso capitão está com uma dor de cabeça...Não!... Andava a passar revista e meteu lá a cabeça e agora não consegue tira-la...Disparar ? Obrigadinho, se disparassemos saia a cabeça e saia o resto...Já agora vejam se tiram dai o arame farpado que nós aqui já não ganhamos para calças".
Até sempre, Raul
20/08/2009
O nosso dinheirinho
Recomendo este livro escrito por um jovem Engº Informático que, apesar da sua pouca experiência, nos dá algumas orientações muito objectivas sobre a forma como deveremos gerir as nossas finanças pessoais. Poupar e Investir são o mote do livro. Deixo aqui um excerto retirado do site oficial do livro:
" A vida não está fácil para os portugueses. O aumento das taxas de juro e a diminuição do poder de compra levam a que a maioria de nós viva numa permanece correria para pagar as contas, sem nos apercebermos de que estamos a desperdiçar o que de melhor a vida tem para oferecer.
Chegou a hora de fazer uma pausa e pensar. O que é o dinheiro? Que valor lhe damos? O que podemos fazer para pô-lo a trabalhar para nós? Pedro Queiroga Carrilho , formador especializado em finanças pessoais, começou a fazer essa reflexão há quase uma década. Rapidamente se apercebeu de que, mais importante do que o dinheiro que ganhamos é o dinheiro que conseguimos pôr de parte e investir. Mas como? Por onde começar?
A resposta está aqui, no primeiro guia de finanças pessoais escrito por um português e a pensar nos portugueses."**
** Retirado do site oficial do livro: O seu Primeiro Milhão
14/08/2009
Algarve
Algarve moreno, sereno - quase quente e quase húmido. Serás Europa ou África ? Aguarela de um continente que se esbate numa velha porção de oceano, quase mar, quase rio, quase um paul onde uma cegonha, à calma, pasta.
As praias bordam-te de um areal nimbado de estátuas antigas de um continente que o mar engoliu. Quem quer saber de ti, ó terra moura ?
És um sonho no centro da noite. Aquele sonho que nunca lembramos ao amanhacer e dele fica apenas o sabor.
Lagos, Julho de 2009
07/08/2009
Portugal em directo - Portugal Positivo
Em paralelo com os telejornais mais ou menos éticos, mais ou menos interessantes, mais ou menos demagógicos, existe um serviço de noticioso que nos enche de esperança: "Portugal em Directo" na RTP1. Neste espaço, ficamos a conhecer as iniciativas da sociedade cívil, o dinamismo das entidades locais e regionais. Sente-se o "Pais" crescer. Mas infelizmente, deve ser um espaço noticioso com pouca audiência. A intriga, a calúnia, a desgraça para todos os gostos e escalas são uma refeição demasiado gulosa para quem mais do Informação deseja o "espetáculo do que informação".
19/06/2009
Desenhos do quotidiano
10/06/2009
Pelas serras da Amadora...
Depois de ter visitado o local, subi mais um pouco até encontrar um agrupamento de 3 moinhos em ruínas.
Um dos moinhos tinha junto dele um marco geodésico que assinala o ponto mais elevado de um local. Fui até esse local e fiquei admirado com a amplitude da vista. Poderia ver a Oeste o mar da palha (Seixal, Alcochete,...) e a Oeste, a Serra de Sintra. A Norte, dislumbra-se todo o Vale de Loures e a Sul, a ponte 25 de Abril e lá por trás a Serra da Arrábida.
Nunca pensei que na Amadora existisse um local assim. Aconselho o passeio, enquanto "Betão", que avança já atrevido, não destruir este desanuviante panorama.
Links interessantes: ARQUA - Ass.Arqueologia da Amadora
04/06/2009
Ala Arriba!
As cenas da procissão e chegada das embarcações (ala arriba) à praia são pungentes e belíssimas.
Curioso o facto do filme ter patrociono do Secretariado da Propaganda Nacional durante o Estado-Novo, e, ao mesmo tempo, documentar a precaridade ( e ao mesmo tempo a heroicidade) da profissão de pescador, onde se morria a 10 metros da praia.
A única medida de prevenção - para além dos barcos entrarem um a um na barra, de modo a que existisse sempre uma tripulação de vigia enquanto outra entrava na barra - era rezar, rezar e rezar. Em termos políticos, um caso de irresponsabilidade social e imobilismo.
Bem hajam as comunidades ribeirinhas da Póvoa e Vila do Conde, que bem merecem!
Ala arriba na Wikipédia
22/05/2009
A variabilidade intra-específica
A existência de variabilidade intra-específica possibilita a actuação da selecção natural, i.e., quanto mais heterogéneo for o património genético de uma espécie, ou de um habitat onde essa espécie nidifica, maiores serão as possibilidades de selecção natural e de adaptação dessa espécie à mudança. Colocando agora a matiz interdisciplinar e cruzando a biologia com a sociologia, diria que também a esta variabilidade funciona dentro das comunidades, quando balizada por príncipios éticos e morais aceitáveis. Logo, percebo que uma cidade cosmopolita, ousaria mesmo a usar o termo "dirty", é obviamente mais competitiva e flexível relativamente a outra onde o património genético seja mais homogéneo.
14/05/2009
Arrebaldes
Viva o lento! Substituir o carro pelas pernas, a máquina digital pela caneta e bloco de notas, combatendo assim a velocidade (mais que furiosa) que nos dificulta a analise e deslumbre dos detalhes.
Em redor de de Lisboa subsistem ainda alguns apontamentos de um urbanismo da primeira metade do século XX. Ao caminhar ao longo da ribeira de Barcarena ou entre as quintas de Belas encontram-se vestígios de uma forma de estar tão próxima no tempo e tão distante no modo de habitar.
03/04/2009
Três em um !
II
III
26/03/2009
A Tradutora
tu lês. antes de ti, ela muda as palavras. antes dela,
eu escrevo. eu passei por aqui, ela passou por aqui,
tu passas agora por aqui.
entendes isso? ela está onde tu estarás. eu estou onde
ela estará. eu corro pelas palavras, ela persegue-me.
tu corres atrás de nós para nos veres correr.
eu escrevo casa e continuo pelas palavras. ela segura
as letras da casa e escreve vida. tu lês vida e entendes casa
e vida. eu não sei o que entendes.
eu corro. ela corre atrás de mim. tu corres atrás dela.
não existimos sozinhos. sorrimos quando paramos,
quando nos encontramos. aqui.
José Luís Peixoto "A Casa, a Escuridão"
17/03/2009
Arquitectura é para comer !
Quando vi as imagens da maquete do novo estádio idealizado para Luanda acolher a abertura e a final da CAN 2010 (Campeonato Africano de Futebol), lembrei-me de acrescentar "A arquitectura também é comer".
Deve-se experimentar um profundo estado onírico e humano ao assistir a uma partida de futebol dentro de um poema de betão.
O estrutura do equipamento desportivo inspira-se numa rara e antiga planta angolana: Welwitschia mirabilis. Este testemunho da história natural originária do deserto da Namíbia (Norte da Namíbia e Sul de Angola) e tem como principal característica a sua resistência ao clima extremamente seco do deserto.
Existe uma lenda em redor das capacidades secretas desta planta que lhe atribui o sub-nome de "mirabilis". Acontecia que muitos viajantes e naturalistas desapareciam sempre que o seu percurso ou lugar de estudo se relacionava com as welwitschias. A partir deste fenómeno, nasceram explicações mágicas e demoníacas. Veio a descobrir-se que, sendo a única planta viva de um deserto, ali se abrigavam muitos animais venonosos como cobras e escorpiões. Eram afinal animais e, não a Welwitschia, os responsáveis pelos desaparecimentos.
07/03/2009
O efeito borboleta, a juventude e as drogas
De forma reforçar esta ideia do efeito, existe uma expressão popular que explica o fenónemo, exemplificando que "o movimento do ar produzido por o bater de asas de uma borboleta no Japão, pode provocar um tufão na Amazónia".
Este modelo aplica-se, no meu entender, à juventude e aos seus estados de maturação consequentes. Pequenas diferenças comportamentais entre dois individuos neste segmento etário, poderão produzir, no futuro, diferenças substâncias de diversa ordem ( Social, económica ou física).
Por esta razão, jovens e educadores deverão prestar muita atenção a pormenores que podem ser determinantes. Um deles é o consumo de drogas ditas leves. Cuja leveza, é apenas uma aparência inicial. Quem na geração X (hoje entre os 30 e os 45 anos) não teve um ou mais amigos que morreram para não falar dos inúmeros futuros destruídos ?
O consumo de drogas pode parecer uma diferença esbatível no futuro de quem as consome, mas, na maioria dos casos, não o é.
Referências: Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Efeito_borboleta
28/01/2009
O musgo
No dia-a-dia, quando tudo o que esperávamos de ventura e boas-novas, teima em não comparecer, devemos estar atentos aos cânticos que o Deus das pequenas coisas nos segreda.
Não eram frondosos e férteis arbustos que cresciam no canteiro da nossa varanda. Em vez deles, pequenos tufos de microscopias folhas. Mesmo assim eram tão belos e íntimos que me encheram de fé. Daquela fé ou generosa magia que fez renascer a Fénix das escassas cinzas.
09/01/2009
Shiva e a Destruição
A religião hindu é composta por uma miríade de Deuses. Existem contudo três divindades principais: Brama (O criador), Vixnu (O preservador) e Shiva (O destruidor).
O conceito do deus-destruidor não existe no âmbito da teologia cristã. Porém, quando pensamos num ciclo renovador a caminho do Nirvana, faz todo o sentido que alguém tenha o dever divino de destruir para que algo de novo possa nascer no seu lugar. Afinal, é muitas das vezes esta a lei da natureza animal ou vegetal.
Imbuído provavelmente neste espírito de aceitação da morte, escreveu assim um poeta italiano, Peter Barone, que se radicadou, desde os anos 60, nos Estados Unidos da América:
Destruição
Sufrágio da Destruição.
Razão da Renovação.
És o demónio mais antigo.
Dou-te o meu culto e o meu toque.
Personalizo-te.
Sozinho no teu espectro, sinto a trompa da vida
a ecoar sobre o oiro da minha existência.
A ti suplico-te que destruas e renoves,
que me mates, se já não fizer sentido.
Peter Barone
Newark - NJ - 1973