25/06/2008

Soldado e Poeta

"Guardar para a reforma, ou quando tivermos disponibilidade para isso, a capacidade de criar uma coisa que ninguém criou nunca. Temos de ser soldados e poetas. Camões andou nisso. Conseguir juntar a guerra, que é a ocupação de lugar, e a poesia que é um fazer como tivessemos desprendidos disso" - extracto de um extracto desta entrevista ao prof.Agostinho da Silva :


19/06/2008

Rap de Peixe

Em S.Miguel, conheci Sandro G, o famoso rapper de Rabo de Peixe. O Sandro viveu nos EUA e trouxe de lá um Rap de qualidade que fundiu com as referências locais. É um músico humilde, com valor e cheio de raça. Força, Sandro !




Num dos videoclips do Sandro, "Eu não vou chorar", o realizador Nuno Marques deixou-se levar pela "jóia da coroa" de Rabo de Peixe - as crianças. Ora vejam:


16/06/2008

Rabo de Peixe - a vila das crianças


Acabo de entrar no quarto do hotel, vindo da vila piscatória de Rabo de Peixe( S.Miguel – Açores). Ligo e desligo de imediato a televisão. Fecho os olhos, tentando reter as imagens que trouxe da visita. Apesar dos problemas sociais da vila, a visita foi enriquecedora. As ruas estavam repletas de crianças felizes e livres. No porto, jogavam “à-bola” num jogo de quinze contra quinze com mais trinta a assistir, enquanto outros, mais dados aos prazeres da água, banhavam-se nas translúcidas águas do cais. Nas ruas, debruçavam-se aos magotes pelas pequenas janelas quando uma zaragata entre homens colocou a vila em efervescência. Depois quando as coisas acalmaram, olhavam com curiosidade os adultos ou os estranhos como eu.

Cada casal tem muitos filhos – nove, dez ou mesmo mais. Esta maré-cheia de crianças torna a vila surreal. Positivamente, surreal. As crianças correm com a alegria estampada no rosto. Nunca tinha visto tão grande liberdade – apesar do conservadorismo latente nas relações sociais e familiares. Se a rapariga começa a namorar, o noivo obriga-a a deixar a escola, as pequenas raparigas quando se banham no porto, têm de fazê-lo de t-shirt e calções. E meios contraceptivos são duas palavras vãs.
Nunca tinha visto nada assim. Quando o meu sogro me falava das multidões de crianças correndo ruas durante a sua infância numa aldeia beirã, eu achava o facto irrepetível . Em Rabo de Peixe, viajei no tempo. Porém, ainda não decidi qual o sentido da viagem: Para o passado ou para o futuro ?